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Editorial – Salada à Brasileira

O Tomate, desde o ano passado, já avisava o que estava por vir. Em seguida foi o Abacaxi que, em pleno verão e no auge da safra chegou custar R$ 8,00 a unidade nos mercados do sul do país. Mais sorte tiveram os nortistas e nordestinos que pagaram por ele a quantia média de R$ 5,00. E o que dizer da Alface, da Mandioquinha, do Feijão, da Laranja e dos demais produtos de hortas e pomares, sempre tão presentes na mesa dos brasileiros? Nada mais se encontra a preço de banana, mesmo porque a Banana já não é mais a mesma e tampouco o seu preço!

Do Projeto Década de 50 – Quando a felicidade parecia bater às Portas do Brasil,  veiculado pela internet, recolhemos a inspiração para traçar um  paralelo entre o que se vivia à época e a situação atual da mesa e da vida do brasileiro: como poderia traçar um painel dos principais acontecimentos que permearam a década de 50, sem cair na simples enumeração dos fatos… sem me deter em profundas e exaustivas análises sócio-político-culturais…?”,  pergunta José Henrique Fialho, ao fundamentar seu Projeto.

Nosso blogueiro encontra, então, sua inspiração nas marchinhas de carnaval: “O carnaval de 1954 ficou na história pela grande quantidade de músicas que denunciava nossas mazelas sociais. Ao lado dos temas recorrentes – cachaça, juras de amor, Adão e Eva etc. -, a situação de penúria por que passava as massas proletárias, ao lado dos péssimos serviços públicos prestados por companhias privadas, são firmemente atacados pelos compositores, como se o povão lhes outorgasse o direito de defendê-los. De lamentar, porém, é o fato de que tais denúncias acabavam por não surtir os efeitos esperados, em meio a tanta orgia, lança-perfumes, pierrôs e colombinas”.

Assim como Fialho pretendia, nossas considerações são também bastante simples, porque contra fatos não há argumentos e do que se vê não se necessita demorar em análises. Do Carnaval de 54 buscamos o saboroso refrão da marchinha “Vagalume“, de Victor Simon e Fernando Martins, lançada naquele ano, gracejando da infraestrutura da então capital federal, a cidade do Rio de Janeiro:

Rio de Janeiro, Cidade que me seduz
De dia falta água e de noite falta luz“.

Tal como lá, a elevação no preço dos alimentos no início deste ano inspira à reflexão, exceto pelo humor dos sisudos tempos atuais que, neste 2014 que já vai adiantado, porque cresce a preocupação com o que se possa dele esperar.

Os alimentos tiveram uma inflação de 1,92% em março deste ano, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9/3/14) pelo IBGE. O grupo alimentação / bebidas respondeu por mais da metade da inflação oficial, medida pelo IPCA, que ficou em 0,92%. Entre os produtos que tiveram as maiores altas de preço em março estão a batata-inglesa (35,05%), tomate (32,85%), feijão-carioca (11,81%), hortaliças e verduras (9,36%), ovo de galinha (8,21%) e leite longa vida (5,17%). Também registraram altas o cafezinho (3,32%), o óleo de soja (3,23%), carnes (2,25%), frutas (1,96%), farinha de trigo (1,07%) e pão francês (0,68%)”, conforme noticiado pelo Correio Brasiliense.

As notícias trazem mais e informam que “despesas transportes também teve contribuição importante para a inflação de março, com taxa de 1,38%. As passagens aéreas foram o item individual que mais pesou no IPCA do mês, com inflação de 26,49% em março”.

Não fosse isso tudo, os produtores e comerciantes do petróleo decidiram por si mesmos elevar o preço dos combustíveis nas bombas de abastecimento. Vejamos: “Outros itens com aumento de preços foram o etanol (4,07%), a gasolina (0,67%) e o automóvel novo e usado (0,78%)”, extraído do mesmo Correio Brasiliense.

As manifestações que se iniciaram com a elevação das tarifas de transporte cresceram e se ampliaram para problemas relativos à copa do mundo, corrupção e o descontentamento com os serviços públicos. As “vozes das ruas”, além de mais cidadania, saúde, transporte e educação (e de qualidade!), agora vêm o intocado “feijão com arroz” parecer-se mais com uma salada russa, prestes a rarear em sua mesa.

Chove aqui, não chove lá, sobre nossas cabeças pairam nuvens negras a anunciar que o país do futebol acordou, levantou-se do berço esplêndido, não mais para um sonho, quiçá para um pesadelo. E pergunta à Jardineira por que está tão triste o que foi que aconteceu?  Ao que, como prenúncio, se responde: “estamos prestes a cair do galho…

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