Dr. Dirceu Rodrigues Alves Junior
A grande mobilidade do ser humano no planeta terra, utilizando os mais variados tipos de veículos concorre para a disseminação de doenças e para a rápida transferência de um foco de infecção de um hemisfério para outro.
Os pontos mais distantes do nosso planeta cada vez se tornam mais próximos. A evolução do transporte aproxima cada vez mais estes pontos. Até bem pouco tempo, somente através do transporte marítimo conseguíamos atravessar o Atlântico, o Pacifico e atingir outro continente. As viagens eram longas, cansativas e desgastantes.
A Vigilância Sanitária nos portos preocupava-se em não deixar entrar no país qualquer patologia que poderia disseminar comprometendo toda à população. Os quadros suspeitos eram submetidos à quarentena, já que poderiam estar no período prodrômico (período de incubação). Cobravam-se as vacinações obrigatórias para determinadas doenças.
E agora, projéteis múltiplos e invisíveis estão sendo disseminados em todo planeta. Explosões maiores estão ocorrendo na Itália, Espanha, Estados Unidos e no Brasil aumentam as vítimas. Entrincheirada toda humanidade tenta escapar.
A mobilidade comprometida, abastecimento prejudicado, vida social destruída, contato pessoal interrompido, falar frente a frente impossível, esporte e trânsito bloqueados, tudo fora da normalidade.
Guerra viral que há muito sabíamos que iria acontecer, quando na década de 90 publicávamos artigo intitulado “Globalização das Doenças Infectocontagiosas”, mostrando o curto espaço de tempo para a propagação em todo planeta, falávamos da mobilidade como agente causal dessa atual guerra. Doenças endêmicas em uma localidade transportada para outras e disseminando a países gerando a pandemia.
Caminhões, carretas, baús, transportando doenças endêmicas de um lado para outro, comprometendo os grandes centros. Aviões distribuindo de maneira rápida, vetores e portadores hoje do Corona Vírus. Esse inimigo transformou a população mundial gerando medo, pânico, isolamento, problema econômico, fome, possibilitando aparecimento de outras doenças oportunistas e ainda, impedindo que portadores de doenças crônicas possam mobilizar-se para uma consulta médica ambulatorial ou de emergência. Na emergência não consegue vaga, nas enfermarias idem e tão pouco em UTI porque encontra-se ocupada pelas vítimas da guerra, tudo está direcionado para o Covid 19.
E como vamos resistir a esse ataque covarde que nos surpreendeu, levando vidas, gerando isolamento, tristeza e sofrimento para todos.
Na realidade uma guerra biológica onde nenhuma explosão, tiro, clarão foi visto, o inimigo é invisível. Quando adentramos um hospital encontramos vítimas graves, alguns conseguindo recuperação, muitos indo para UTI porque não conseguem oxigenar o organismo e muitos não estão resistindo, vindo a falecer.
Profissionais de saúde na linha de frente virando vítimas. A cada hora mais pessoas chegam aos hospitais, as estatísticas assustam, os hospitais e profissionais da saúde estão limitados.
Cientistas se apressam para buscar por drogas, vacinas, meio de interceder para enfrentar e destruir o inimigo.
Esse inimigo é forte, está bem equipado e seu principal objetivo estratégico é chegar ao pulmão de sua vítima, impedindo que a hemoglobina capte o oxigênio, levando a vítima a insuficiência respiratória. Reduz a vitalidade dos tecidos e órgãos tornando cada vez mais grave o estado geral da vítima.
Temos que nos cuidar sabendo que o corona vírus se adquire através contato, as novas atitudes nos levam ao afastamento das pessoas, torna-se necessário priorizar higiene pessoal e com superfícies de contato, uso de máscara, água, sabão e álcool em gel.
Os gestores de tráfego precisam orientar seus condutores com relação a esses cuidados já citados e fornecer EPI e material para higienização pessoal e ambiental. O habitáculo sabemos ser normalmente mal higienizado, por isso precisamos enfatizar a necessidade de manter o ambiente de trabalho organizado e limpo, lembrando que para o interior do veículo levamos nos calçados, roupas, mãos microrganismos os mais diversos, tornando o ambiente insalubre.
Aqueles que usam barba, bigode devem saber que isso está próximo as mucosas nasal e oral e que a todo momento levam a mão com microrganismos nessa barba que com as gotículas que são eliminadas quando se fala, espirra e tosse humedecem o ambiente tornando-o um meio de cultura. Quando colocamos a máscara, equipamento hoje obrigatório, os vapores d’água saídos da cavidade oral e nasal humedecem a máscara, tornando-a ineficiente por isso precisamos trocá-la a cada três horas.
É com os cuidados preventivos que vamos impedir que o inimigo nos derrube ou que sejamos portadores e transmissores do mal que assola o planeta.
Dr. Dirceu Rodrigues Alves