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PERISCÓPIO 20: “Barnabé-Bagres; carta no bolso do colete”

Fredy foto  Frederico Bussinger

O “Santos-2000” já contribuíra para mobilizar a comunidade ante vaticínio do Dr. Eliezer Batista, referência da logística brasileira: Porto de Santos, “uma favela irrecuperável” (“Estadão” – 17/JUN/96)! Inclusive contraditava sua explicação: “Lá não existem mais nem condições físicas, e nem layout possível para recuperá-lo”.

Alguns arrendamentos já firmados. PROAPS em franco andamento. MODPORT, conferência internacional com apoio do Banco Mundial, fora realizada. Naquele final de 1996, a Diretoria da CODESP submeteu ao CAP proposta do 1º PDZ sob os novos marcos. Nos debates (sempre intensos!), o saudoso conselheiro Ronaldo Souza Forte fez pertinente, mas desconcertante indagação: “E o futuro do Porto? Para onde ele expandirá?”. Silêncio… mesmo porque o foco, ali, era romper-se o desânimo; a inércia. Era o presente. Mas meses depois o CAP recebeu croquis do que viria a ser o “Projeto Barnabé-Bagres”.

A par das reformas portuárias, já a todo vapor, aquele embrião foi se transformando em plano; daí em projeto: 28 berços (50 na versão inicial); 11 km de cais, em dársenas; 6 milhões m2 de retroárea (75% do então existente), aterro hidráulico com material de dragagem; investimentos de cerca de US$ 700 milhões para implantação da infraestrutura (US$ 2 bilhões totais); 120 milhões t/ano (da ordem de grandeza da movimentação atual) de capacidade.

Na virada do século o projeto já era apresentada como solução para os gargalos portuários (p.ex; AT-06/MAI/03: “Porto de Santos atinge limite em três anos”). Passou a integrar os PDZs daí em diante (o de 2006; em particular) e o “Masterplan” (AT-3/FEV/10). Era o “O projeto do Porto de Santos do século 21”; preferido, pois “afastado dos centros urbanos; com acesso a ferrovia e rodovia sem interferências urbanas; contíguo a região carente de empregos” (PDZ, pg.169).

O Relatório de Administração da CODESP/05 dá destaque ao projeto e informa de requerimento de LP ambiental. Protocolo de intenções China-Brasil foi anunciado pelo então Ministro para financiar o projeto (AT-23/MAI/09). Mas em 2010, curiosamente, domínio útil de 1,22 milhões m2 de sua área frontal foi concedido a empresa para outros propósitos: estaleiro e instalações para limpeza de tanques e tratamento de efluentes.

Dois anos depois União cancela tal aforamento oneroso (AT-02/DEZ/12). Assim o “Projeto Barnabé-Bagres” voltou a ser incluído em estudos e propostas, como o abrangente trabalho do BNDES, divulgado em NOV/12 (já na era SEP e PAC). E a CODESP, em consulta pública, recebeu 3 propostas para seu desenvolvimento (Ralc, Triunfo e Santos Brasil): consta que o processo teria sido encerrado sem analisá-las. Daí em diante pouco se voltou a falar do projeto.

Bom que os próximos 20, 40 anos do Porto volte a ser pensado (AT-28/ABR passado). Bom que a região entre nos planos da nova diretoria da CODESP; mesmo porque, se nos anos 90 foram mais ou menos inevitáveis arrendamentos taxados de “favelização” para impulsionar as reformas portuárias, hoje fica difícil justificar arrendamentos fragmentados, mormente em tão nobre área. Bom ter no bolso do colete projeto tão estudado e discutido como o “Barnabé-Bagres”; inclusive para experiência de implantação condominial, ante cenário de recursos públicos escassos.

Credito Freddy

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