Era 31 de dezembro de 2019!
Ali, naquela data, estávamos a comemorar a chegada de um novo ano carregado de novas esperanças. Amor! Prosperidade! Trabalho! Dinheiro no bolso e Saúde pra dar e vender!
O melhor ano de nossas vidas estava para começar. Feliz 2020!, era o que desejávamos uns para os outros. Difícil lembrar dos fatos que marcaram janeiro de 2020. O ano começou com uma forte tensão entre Estados Unidos e Irã; no Canadá queimadas sem precedentes devastavam florestas; Regina Duarte assume o Ministério da Cultura; Minas e Rio de Janeiro fervilhavam no calor escaldante agravado pela falta d’água; o segundo casal da realeza britânica resolve abandonar a monarquia e se muda da Inglaterra. E, dentre as comezinhas notícias correntes, a Organização Mundial da Saúde faz alerta para duzentas mortes ocorridas na China em função do novo Coronavírus.
Nada que anunciasse ou previsse o que neste ano estava prestes a acontecer. Foi somente em fevereiro que a Europa acordou sob o forte efeito da pandemia que somente iria preocupar as Américas quando, no início de março, Nova York mergulhou em grave crise de saúde pública.
No Brasil, quando tudo parecia se encaminhar para um ano normal, em meados de março, o então Ministro da Saúde anunciou a necessidade de isolamento das pessoas com restrição de circulação e serviços na busca de evitar o contágio com consequente sobrecarga do sistema de saúde e mortes decorrentes pelo vírus que se havia alastrado mundialmente e para o qual não se tinha vacina.
Tudo mudou. De repente, interrogações deram lugar aos desejos. As atenções se voltaram para o noticiário que diuturnamente ao longo de todo ano passado nos informava sobre o avanço e as consequências da pandemia, seja do ponto de vista sanitário, econômico ou social. Alastrava-se o vírus e, com ele, espraiavam as distensões sociais, desentendimentos, desinformações e notícias falsas, falsificadas e controversas que nada informavam ou construíam.
À medida que o ano avançava, nossos desejos foram minguando. Mesmo aqueles que passaram ilesos pela crise ou cresceram economicamente, não deixaram de ser afetados pela perda de vidas e pelo mal estar das dissenções sociais. Grande parte da população sobreviveu com o auxílio de terceiros e o emergencial do governo. Cresceram tanto a solidariedade como as agressões domésticas. Aprendemos a respeitar o sofrimento, a valorizar o abraço, mas sobressaiu nossa enorme dificuldade no convívio confinado e com as restrições sociais.
De fato, muito difícil e diferente este 2020! Tanto é que, no rastro de sua partida, com o anúncio das vacinas, trouxe de volta a centelha da esperança. Reflete a necessidade de melhor calibrar as expectativas para este Novo Ano que está apenas se iniciando.
Esse 2021 pede mais parcimônia. Exige mais responsabilidade e transparência dos governantes. Mais respeito e solidariedade com o próximo e o distante. Compreensão e paciência com as pessoas; também com as restrições que ainda serão muitas. Mente e coração dispostos a acolher. E compromisso na construção de melhores formas de vida, trabalho e convivência.
Esse é o nosso desejo de Ano Novo. Feliz 2021!