“Terra, tu que é o mais bonito dos planetas,
estão te maltratando por dinheiro,
tu que és a nave nossa irmã…”
Beto Guedes
Tomando fôlego na década de sessenta, tendo seu marco histórico referenciado na Conferência de Estocolmo em 1972 e, reforçada no Brasil, pela realização da ECO 92 no Rio de Janeiro, a idéia central da necessidade de preservação e conservação do meio ambiente chega ao Século XXI tendo cumprido o seu papel.
Nos quatro cantos da terra, em todos os continentes, independente do grau de consciência alcançado, homens e mulheres, desde as crianças da mais tenra idade até os mais idosos, todos estão cientes das responsabilidades frente ao meio ambiente.
Em todo 5 de Junho relembra-se mundialmente os compromissos necessários para a preservação do homem em sociedade e a conservação de seu habitat. Os desafios continuam muitos e variados. Porém, não está mais em discussão a necessidade da preservação da água, dos ecos-sistemas, das florestas, das espécies, do ambiente natural. Resultante de intervenções inconseqüentes, os desarranjos climáticos provocam o aquecimento global e suas ameaças – reais ou imaginárias – cujos efeitos sentimos todos. No ambiente urbano a necessidade de redução da poluição sonora, emissão de gases e partículas, da quantidade de lixo produzido pelo consumismo exacerbado, da utilização de energias de fontes renováveis e da busca por produção limpa, é quase unanimidade.
Urgente, agora, é a ação consciente com intervenção conseqüente levada a efeito nos empreendimentos urbanos e no manejo sustentável dos recursos naturais. Estudos e pesquisas científicas oferecem, hoje, a necessária base de apoio para isso. Espera-se que a segunda década deste milênio inaugure esta prática necessária levada a efeito por governantes, sociedade civil organizada e cidadãos. Nova prática para um novo tempo!
Para os que vivem nas cidades, o consumo consciente e a redução da quantidade de lixo produzido é medida profilática e urgente. Reuso. Reutilização. Reciclagem. Trinômio consagrado ao qual se acrescenta mais um instrumento: Redução.
Necessitamos efetivamente de todos os itens consumidos? Agimos por impulso, seduzidos pelas super produzidas propagandas que nos induzem a ter mais, a consumir mais? Qual a quantidade de objetos, máquinas, equipamentos, papéis, embalagens, roupas, que disponibilizamos para reutilização e reciclagem? Não se trata apenas de utilizar não descartáveis evitando sacolas plásticas. É necessário, mas não suficiente. Trata-se de efetivar-se uma nova postura frente ao consumo, frente aos excessos, frente à sociedade. Envolve mais do que o ambiente físico. Implica uma postura ética e solidária do homem e as relações sociais.
Talvez os acelerados avanços da tecnologia nos direcionem cada vez com maior velocidade à obsolescência de equipamentos e suas matrizes, mas podemos redirecionar o que nos sobra para aqueles que não tiveram acesso sequer ao primeiro ciclo. A exemplo do que ocorre em algumas cadeias produtivas (pneus, entulho, eletro-eletrônicos e mobiliário, formal ou informalmente), o incentivo ao reuso daquilo que possibilita acesso à tecnologia, conforto e informação para significativa parcela de excluídos pode resultar em inclusão e promoção humana.
O ambiente humano, do qual o ambiente físico é meio e não fim, coloca um novo paradigma para o Século XXI: a prática ética nas relações homem-natureza cujo objetivo é a sustentabilidade das relações sociais, econômicas e políticas.
Assim é que, embora não incidindo diretamente sobre o meio físico, mas com desdobramentos devastadores sobre ele e o bem estar da sociedade, determinadas práticas necessitam ser evitadas e, até mesmo, banidas.
Pobreza, fome, perseguição de etnias, doenças e pragas que em diversos países já estão erradicadas continuam, em outros, a dizimar populações e a degradar o meio ambiente. A riqueza do solo e subsolo de determinados países, objeto de cobiça de nações e homens, têm erroneamente justificado ocupação e guerras territoriais. E o que são as guerras senão depredação humana e ambiental?
Interesses escusos, tráfico de drogas e armas, roubo, exploração sexual, pedofilia, dentre outras pragas humanas, degradam o homem e a sociedade, poluindo mentes e corações. Aberrações do mundo virtual e de outras mídias poluem o ambiente, infectam a sociedade, banalizando o que é contrário à vida.
Há, ainda, outra erva daninha a ser combatida. Fenômeno da comunicação, o uso inadequado da internet incentiva a exposição pessoal, fofocas, bullying e intrigas. Sites de busca e informações transformam-se em instrumentos de espionagem. Blogs são equivocadamente utilizados para denegrir pessoas e instituições. Pessoas são achincalhadas alardeando o que é desprovido de fundamento de realidade. Notícias da grande imprensa são reeditadas, reescritas sob a ótica de interesses particulares, requentando assuntos já resolvidos e processos mentirosos já encerrados. Vicejam vícios. Destilam podridão e maus odores caluniosos. Enroscam-se, como parasitas, procurando beber da seiva saudável e cristalina das árvores de boa cepa para, ao atacar a respeitabilidade do hospedeiro, obter o lugar ao sol e a visibilidade que a natureza lhes negou por princípio.
Pragas pantaneiras tentam enredar e enredar-se em árvores bem firmadas. Diversas Instituições, assim como o IDELT, têm seus nomes jogados ao léu por ventos nefandos. Seguindo seu caminho, apesar de tudo, estas organizações persistem, resistem aos ataques e rebatem a ignomínia. Procuram ir adiante, no seu curso natural, contribuindo com o equilíbrio do sistema social, aprimoramento técnico e ambiental. Produzindo ações concretas, frutos e flores. Produzindo oxigênio para auxiliar a reduzir todo tipo de poluição.
Necessários são novos ventos para impulsionar novas práticas que inaugurem novos tempos. Tempos de responsabilidade no uso da informação, no equilíbrio necessário para sustentação da vida, da integridade humana e do ambiente natural e urbano.