Memória
Há um lugar vazio à mesa
Quem poderá consolar-me da perda?
Há uma flor a menos no jardim
O que poderá compensar aquelas formas e cores?
Há uma voz que não quer calar
Quem poderá me dizer que caminho escolher?
Há um lugar que não conheci
Quais caminhos poderão me levar para ali?
Há uma luz que se apagou
O que poderá iluminar minha escuridão?
Não há nada nem ninguém… vazio, solidão, sozinho…
“Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão”.
Memória, Carlos Drummond de Andrade