Skip to content

Redes Pessoais de Relacionamento Social

Amigos se encontram para um café. No grupo de ruidosa conversa, uma jovem não consegue prestar atenção no papo animado, incapaz de despregar os olhos do celular. Inconformado com a indiferença, o colega pergunta se, ainda por um segundo, ela consegue conversar. Com um leve sorriso a moça se desculpa, fala uma ou duas frases para, em seguida, mergulhar novamente na telinha.

Cena cada dia mais comum no nosso cotidiano, nos leva a quase duvidar da importância dos relacionamentos presenciais. Ou, até mesmo, o valor do velho e bom bate papo, da troca de ideias, da conversa mansa e despretensiosa, ao vivo e em cores, ou por meio do quase esquecido aparelho telefônico, porque mais fácil é enviar mensagem de texto ou de voz do que usar o celular para falar com alguém. Dá uma preguiça…

O que vale é estar conectado em todo o tempo, a toda hora e em qualquer lugar. Acessar cada vez mais informações, ser visto, notado e comentado, alcançar mais pessoas, chegar mais longe, ter mais e mais seguidores mundo afora. Aparecer e ser reconhecido nas chamadas redes sociais.

Aqui, vale recordar, que Redes Sociais sempre existiram. Não são e nunca foram somente virtuais. Seu conceito é bem mais abrangente do que o uso que se faz delas na internet.

Expressavam, e continuam a expressar, a necessidade de interligação entre as pessoas, de forma voluntária, em espaços livres, com contornos institucionais flexíveis, cujos vínculos se formam a partir de objetivos comuns. Podem ser formadas em diversas esferas de conhecimento e várias áreas de atuação: social, econômica, política, gerencial, cultural e ambiental, entre outras.

Dito de outra forma, as redes sociais ou redes da sociedade, são constituídas por grupos de pessoas que se organizam voluntariamente de maneira informal, com mecanismos de aglutinação e formas de ação e comunicação fáceis e ágeis, menos burocratizadas.

E, exatamente por estas características mais leves e ágeis, é que as Mídias Sociais se apropriaram do conceito de Rede Social, formando teias de pessoas e comunidades, via canais de relacionamento na internet.  Os meios tradicionais de comunicação, as outras mídias – jornais impressos, rádio e TV -, possibilitam uma grande exposição, mas poucas possibilidades de participação e interação com outras pessoas.

Atualmente o que se busca é maior exposição no mundo virtual. O ambiente virtual acaba servindo a diversas finalidades. Permite relações mais ambíguas, onde se pode disfarçar alguns defeitos e dourar a pílula, quando se trata de propaganda pessoal. Por outro lado, possibilita alavancagem de negócios por meio da exposição nas mídias, tanto para pessoas como para empresas. O que não está na mídia não é visto, nem lembrado.

Assim, a comunicação social via internet vem forçando o aparecimento de outros arranjos que afetam as relações sociais. Vem provocando novas formas de interação, estimulando novas condutas sociais e levando à necessidade de exposição virtual cada vez maior. Pessoas buscam maior interação entre si e com o mundo; emitem opinião sobre tudo, fazendo questão de registrá-la e que fique bem publicada na mídia. Não importa se o que expõem tem fundamento ou foco na realidade.

Nessa teia de inúmeras possibilidades de relacionamentos, o bom uso das conexões virtuais, nem sempre é a tônica. Pode-se acessar tudo! Desde informações, entretenimento, política, esporte, cultura, até conteúdos “adultos”. Publica-se comentários falando de pessoas, instituições ou empresas, denegrindo ou exaltando sua imagem. É possível roubar conteúdos, sequestrar um site ou até a identidade de pessoas. Tal como um simulacro lamentável do que ocorre na vida real.

Por conta de sua importância crescente, é imperativo resgatar, também no mundo virtual, boas práticas sociais.  Há que se zelar pelo uso adequado das mídias sociais. Principalmente cuidar para que não se confunda o mundo real com a realidade virtual, hoje tão próxima e acessível, a um toque do nosso dedo, na palma de nossa mão.

Em tempos difíceis, de instabilidade social, faz toda a diferença reconhecermos a alteridade como elemento efetivo para a formação de uma sociedade justa e equilibrada.

Fundamental, sobretudo, ampliar, baratear e universalizar tecnologias digitais, para que cada vez mais pessoas, adultos e crianças, possam usufruir deste conhecimento. Investir de fato, aportando recursos e provendo infraestruturas para as periferias e regiões rurais. Investir em inclusão digital é vital para o acesso ao conhecimento, crescimento das pessoas e desenvolvimento da sociedade.

Na contramão da necessidade, a exclusão digital evidencia, ainda mais, as disparidades locais e regionais Brasil afora, vez que se repete, também no mundo virtual, as desigualdades sociais já sobejamente conhecidas.

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email