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Se essa rua fosse minha…

“Se essa rua fosse minha
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas de brilhante
Para o meu amor passar”

 

Ecoa longe, na memória, a cantiga de roda das brincadeiras da infância. Ah! Se essa rua fosse minha… E no principiar da mocidade, vivida em passeios pelos parques, ruas e praças que, assim, nem tanto tempo faz…

Já vai longe o meu amor passeando pela cidade, passos e sorriso brilhante, iluminando todo o espaço que tanto queria ladrilhar. E ainda quero!  Recriá-lo. E de tal modo irresistível, que se sinta novamente, vontade de passar pelas ruas. E por elas passear, felizes e despreocupados!

Casas simples com cadeiras nas calçadas. Vizinhança sentada à porta, conversando, acompanhando a chegada do trabalhador em sua casa. Criança esperta brincando na rua, na praça e no parque, cumprimentando pai e mãe na chegada da escola. Celular e tablet esquecidos na mochila.

A rua é lugar de gente! Calçada é o lugar pra isso. Lugar do encontro, do afeto, do olhar, da contemplação; da cidade em moramos.

De ir de um lugar pro outro. Do deslocamento a pé, por vontade ou porque a grana tá curta, mas que nos dê condições de chegar ao destino inteiros, sem pé torcido, dente quebrado, ou ainda pior, atropelado por bicicleta ou caminhão.

Valha-nos São Cristóvão, protetor de motoristas e pedestres, que converse com o Criador, e por nós interceda, e lhe faça relatório, contando que aqui não se pode mais andar do jeito que tudo está.

Cercados de prédios, uns mais altos querendo saber quem é maior, outros pouco se equilibrando de tão mal ajambrados que estão, laje sobre laje, seja pra rico ou pra pobre, sem lugar pra respirar, muito menos pra brincar e caminhar.

Ainda com tudo isso, o cidadão tem esperança, olhando pra autoridade. Que se mande o construtor pensar na gente que mora, não no apê, mas na cidade.

Que se olhe pro pedestre, que é o que mais sofre, não tem por onde caminhar, muito memos se tiver limitação, já que calçada não tem padrão, autoridade ou fiscalização. Quem mais precisa não tem. E quem tem, tem que sair do rumo, porque ali uma é grande outra é pequena, obrigando a descer pra rua, já que ali não se anda, por desnível, ocupação, buraco ou estreiteza.

Nem pra fugir de ladrão, que segurança não tem, o povo se esconde na casa por medo de ficar no portão, pra conversar ou namorar, muito menos pra correr, que pra cair não custa nada, com aquele danado de chão. Se escorregar fica sem pé, sem emprego e sem ação.

Fica aqui o desafio, autoridade, vereador ou patrão, pra manter viva a cidade, com toda vitalidade, valorize o cidadão.

De tanto pensar no problema, foi lançado o desafio. Pra chamar a atenção, já em 2017, a ONG SampaPé!, comemorando o Dia Mundial do pedestre, propôs um concurso pra eleger a Miss Calçada SP. O desafio era mandar uma foto das próprias pessoas caminhando pela Cidade. A melhor delas ganhava o prêmio. O objetivo era, de forma propositiva, mostrar soluções para calçadas na cidade, evidenciando que é possível ter calçadas confortáveis, adequadas e acessíveis.

Mesmo sem a musa, ainda vale a inspiração. A gente sabe que é possível recriar na cidade, um clima mais amigável e fraterno, incentivando a construção de passeios públicos e calçadas, com arborização. Quanto mais agora com tanta construção sendo finalizada.

Bora implementar a cidade que queremos e precisamos. As calçadas são infraestruturas cruciais na vitalidade dos espaços urbanos.

Vem com a gente!

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