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PERISCÓPIO 07: “Riscos”

 

Fredy foto  Frederico Bussinger

“Insanidade é continuar
fazendo sempre a mesma coisa
e esperar resultados diferentes”

[Albert Einstein]

“Você pode encarar um erro
como uma besteira a ser esquecida,
ou como resultado que aponta nova direção”
[Steve Jobs]

Viver é perigoso. Muito perigoso!”
[Guimarães Rosa]

 

Sim! Preces por consolo; e solidariedade a familiares e amigos das vítimas da tragédia de Brumadinho. Em memória delas poderíamos, também, assumir o compromisso de virar esse jogo?

Mesmo em meio à comoção alguns se gabam de haver sugerido isso e aquilo; outros pinçam fatos e os articulam em apoio às suas teses políticas: se depender deles, pouca esperança há! Tampouco daqueles que, exalando sabedoria, garantem ter há muito previsto a catástrofe; ou asseveram tratar-se de “caso fortuito”. Será?

Há riscos?”, é pergunta frequente a quem administra empresa ou órgão com exposição pública. “Sim”; é a única resposta honesta…apesar de desagradar o senso comum: parece disseminada, inclusive na/pela imprensa, a ideia de que há ambientes “com riscos” (portanto, falhas ou acidentes são inevitáveis ou iminentes) e aqueles seguros; ou seja, imunes a eles. Essa visão binária, determinística, é contrariada pelas investigações do renomado físico Leonard Mlodinow, em best-seller apresentado por Stephen Hawking: “O andar do bêbado”.

Alegórico, o título não revela seu cerne: i) Riscos sempre existem; ainda que em graus distintos. Daí não ser atrevimento, p.ex, indagar-se o alcance de “a cava subaquática (no Porto de Santos) não oferece risco” (notícia desta semana); e ii) Seu subtítulo sintetiza o tema central: “Como o acaso determina nossas vidas”.

Nós, engenheiros, somos dissuadidos em ser He-Man” (“eu tenho a força!”): aprendemos a não ter a pretensão de eliminar os riscos; mas buscar minimizá-los. Daí, primeiro, conhece-los; ponto de partida também para elucidação de acidentes, o que sempre deveria preceder a busca de culpados e discussões sobre indenizações.

Já no campo do agir, na linha do Apóstolo Paulo (“Pois, quando sou fraco, então é que sou forte”), nos é ensinado: i) Adotar fatores de segurança (algo tipo uma materialização do SMJ dos advogados); e ii) Como riscos sempre existem, para a hipótese de acidentes, buscar minimizar os danos (humanos, ambientais ou materiais); como do centro administrativo em Brumadinho: relevante conhecer-se as premissas assumidas para localizá-lo no vale à jusante da barragem; não?

Cada alternativa definida tem seu preço; razão pela qual o arranjo adotado no projeto é uma complexa solução de compromisso entre riscos e custos globais. Como tal relação não é estática ao longo dos anos de vida da obra/sistema, monitoramento é necessário continuamente; inclusive como base para prescrição das mais adequadas ações de manutenção e operação.

Temos dificuldades com a aleatoriedade, explica Mlodinow. Adotá-la como referência conceitual e comportamental, e passar a considerar os (inevitáveis) riscos, ao contrário de revelar fraqueza ou conformismo, pode contribuir com nosso planejar e gerenciar. Com a tomada de melhores decisões.

E, isso, como indicam diversos outros estudos, como os do psicólogo Daniel Kahneman (Nobel de Economia – 2002), não apenas em relação a infraestruturas; mas também nas nossas decisões pessoais do dia a dia.

Credito Freddy

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